Conteúdo organizado por Renato Cividini Matthiesen em 2022 do livro Diplomacia e empreendedorismo corporativo, publicado por NYEGRAY, João Alfredo Lopes, pela Editora Cotentus, 2020.
Empreendedorismo corporativo
O empreendedorismo corporativo também pode ser chamado de empreendedorismo interno ou intraempreendedorismo e busca ampliar a definição do empreendedorismo praticados por novas organizações dentro da área corporativa para promover as mudanças necessárias que levem uma organização já estabelecida a praticar a inovação e desenvolver novos produtos e serviços. Revisitando a definição de Dornelas (2020, p. 35), “o empreendedorismo significa fazer algo novo, diferente, mudar a situação atual e buscar, de forma incessante, novas oportunidades de negócio, com foco na inovação e geração de valor”.
Por fim, refletindo sobre o empreendedorismo em um ambiente globalizado e internacional, Nyegray (2020, p. 42) nos diz que “o internacionalista ou diplomata corporativo é aquele profissional que, quando munido de comportamento empreendedor, consegue transformar situações problemáticas em saídas vantajosas”. Vamos então nesta aula nos aprofundar um pouco mais neste cenário de empreendedorismo corporativo?
Fazer algo diferente, empregar recursos disponíveis de forma criativa, assumir riscos calculados, buscar novidades e inovar sustenta também o empreendedorismo corporativo como processo de criação de valor. Este empreendedorismo possui quatro componentes principais conforme descrito abaixo:
O empreendedorismo corporativo vem sendo uma importante forma de motivação dos recursos humanos e criação de valor com os talentos que a empresa já possui. O Google por exemplo utiliza-se deste tipo de empreendedorismo de forma intensa, permitindo que seus colaboradores utilizem até 20% do seu tempo de trabalho investindo em projetos que resultem em novos produtos e novas soluções.
O Google é atualmente uma das maiores organizações empresariais da atualidade, com sua marca no topo das cinco maiores do planeta segundo o Interbrand e a décima terceira em valor de mercado em capital aberto segundo a Forbes. Para conferir as empresas mais valorizadas no planeta, aproveite e visite os sites a seguir:
Interbrand
Link: <https://bit.ly/3C5yJG5>. Acesso em: 31 jul. 2022.
Forbes
Link: <https://bit.ly/3QMAzj5>. Acesso em: 4 ago. 2022.
O termo empreendedorismo pode ser aplicado a diversas organizações e pode também estar ligados a diferentes perspectivas, como empreendimentos realizados em empresas já estabelecidas, de médio e grande portes, por exemplo.
Buscar oportunidades, inovação, fazer diferente, criar valor são atividades do empreendedorismo que estão presentes também nas grandes organizações, em tempos de profundas mudanças em negócios e mediante a uma transformação digital. O quadro da figura 3 apresentado a seguir traz sete perspectivas para a natureza do empreendimento nas organizações já estabelecidas, o que estamos chamando de empreendedorismo corporativo definido por Dornelas (2020, p. 37).
Figura 3 – Sete perspectivas para a natureza do empreendedorismo
Fonte: Dornelas (2020, p. 7).
Importante observar que existem diversos nomes para o empreendedorismo como: corporate entrepreneurship, intrapreneurship, corporate venturing, e utilizaremos neste material o termo empreendedorismo corporativo, termo este aceito internacionalmente em consenso atualmente. Considere também que os termos intrapreneurship e corporate venturing são modalidades do empreendedorismo corporativo.
De acordo com Dornelas (2020), o termo empreendedorismo corporativo é definido como a identificação, desenvolvimento, captura e implementação de novas oportunidades de negócio que requerem mudanças, conduzem a empresa para a criação de novas competências empresariais que resultam em novas possibilidades de posicionamento no mercado.
Esta modalidade de empreendedorismo é vista como um processo pelo qual um indivíduo, ou um grupo de indivíduos estão vinculados a uma organização empresarial já constituída e buscam instigar a criação ou renovação de negócios dentro desta organização.
No corporate venturing há uma relação à criação de algo novo, fora de uma organização empresarial constituída, mesmo que inicie as atividades dentro de uma organização e com a maturação do empreendimento se distancie da organização original.
No intrapreneurship há diversas possibilidades de trabalho junto aos conceitos de empreendedorismo corporativo através da inovação e de renovação estratégica. Veja, por favor, a figura 4 com um esquema que organiza estes conceitos e complementam o empreendedorismo corporativo.
Figura 4 – Modalidades do empreendedorismo corporativo
Fonte: adaptado de Dornelas (2020).
O empreendedorismo corporativo apresenta desta forma duas importantes variações que são o corporate venturing e o intrapreneurship. Vamos conhecer um pouco mais das atividades desenvolvidas nestas variações:
Corporate venturing:
Intrapreneurship:
Corroborando com as definições de empreendedorismo corporativo, Ries (2019) o caracteriza seus incentivadores como intraempreendedores. Estes indivíduos, ou grupo de indivíduos são os responsáveis pela liderança e desbravamento de novas oportunidades alinhadas com a missão, visão e valores da empresa em que atuam. Diversas etapas são necessárias para a prática do empreendedorismo corporativo e três são os fatores principais que oportunizam esta prática. São eles: a oportunidade, os recursos que a organização dispõe e as pessoas. Veja na figura 5 a relação entre estes fatores no processo empreendedor.
Figura 5 – Processo empreendedor
Fonte: adaptado de Dornelas (2020)
As entradas do processo empreendedor geralmente são influenciadas pelas oportunidades e indivíduos empreendedores. A forma sequencial de entender o processo empreendedor é observar a ênfase em quatro etapas do processo conforme sequência a seguir na figura 6.
Figura 6 – Processo empreendedor
Fonte: adaptado de Dornelas (2020)
Como resultado desta gestão estruturada do empreendedorismo corporativo, a organização empresarial poderá lograr a desejada criação de valor, desenvolver novos processos, novos produtos e novos serviços, novas tecnologias, incrementar os lucros e os benefícios corporativos, aumentar o volume de empregos, valorizar ou aumentar os seus ativos e ainda obter crescimento de receita e margens operacionais.
Finalizando esta aula, interessante se faz observar que nesta nova era de nossa administração moderna, iniciada a pouco mais de 100 anos, a movimentação em direção ao empreendedorismo corporativo é quase que obrigatória para as corporações de forma geral. De acordo com Diamandis e Kotler (2018), as empresas que preferem evitar a extinção deverão aderir à revolução exponencial, uma forma definida de crescimento de organizações através do uso de tecnologias, comunidades, inovação e, sobretudo, empreendedorismo.
Souza (2014) traz uma interessante reflexão sobre algumas habilidades específicas que um empreendedor internacional precisa desenvolver. Segundo o autor, um empreendedor internacional deve:
Nessa aula você aprendeu que o empreendedorismo corporativo interno ou intraempreendedorismo amplia a definição do empreendedorismo e pode ser aplicado dentro das organizações já estabelecidas. Viu que o empreendedorismo corporativo possui quatro componentes: processos, criação de valor, recursos e oportunidade. Conheceu as sete perspectivas para a natureza do empreendedorismo e avaliou o corporate venturing e o intrapreneurship como modalidades deste tipo de empreendedorismo. Para finalizar, pode observar aspectos do processo do empreendimento corporativo e os resultados esperados pela sua gestão.
Referências
Bibliográficas
Diamandis, Peter H.; Kotler, Steven (2018). Oportunidades exponenciais: um guia prático para transformar os maiores problemas do mundo nas maiores oportunidades de negócio e causar impacto positivo na vida de bilhões. Rio de Janeiro: Alta Books.
Dornelas, J (2020). Empreendedorismo corporativo: como ser um empreendedor, inovar e se diferenciar na sua empresa, 4a. ed. São Paulo: Empreende.
Ries, Eric (2019). A startup enxuta. Rio de Janeiro: Sextante.
Nyegray, João Alfredo Lopes (2020). Diplomacia e empreendedorismo corporativo. Curitiba: Contentus.
Sousa, J. M (2014). Empreender em mercados internacionais: um guia para internacionalizar sua empresa. São Paulo: Saraiva.